MINERAÇÃO: Tecnologia inovadora aumenta segurança e recupera até 85% da água nos rejeitos

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Empilhamento a seco é alternativa às barragens, como a que se rompeu em Mariana

Tecnologia criada na Finlândia e produzida na China, que substitui as tradicionais barragens de contenção pelo empilhamento a seco de rejeitos da mineração, foi apresentada a parlamentares da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (18/04/16), incluindo o presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Gil Pereira (PP). “O aumento da segurança é destaque no método demonstrado, que funciona como alternativa ao uso de barragens em áreas com características adequadas”, considerou ele.

Em visita à única mina do País que utiliza a técnica europeia para essa finalidade, localizada em Ouro Preto (Região Central do Estado), a Comissão Extraordinária das Barragens percebeu na aplicação possibilidade de se reduzir riscos de acidentes como o que ocorreu com a ruptura da barragem de Fundão, em Mariana (Central), em novembro do ano passado.

Diretores e técnicos da mina, explorada pelo Grupo J. Mendes, explicaram que a tecnologia consiste no uso de equipamentos de filtragem para retirar a umidade dos resíduos resultantes do beneficiamento do minério de ferro a ser comercializado. “A filtragem permite retirar dos rejeitos até 85% da água que sobra após o processo”, informou o diretor da Ferro + Mineração S/A, Rodrigo Nogueira. A produção atual da empresa gira em torno de 2,6 milhões de toneladas/ano.

NÍVEL DE ÁGUA

Por outro lado, no sistema tradicional de barragens ocorre o contrário. A umidade que fica nos resíduos depositados nas barragens varia entre 30% e 40%, depois dos processos de evaporação e recuperação, gerando nível elevado de água no material.

No caso do método inovador, os rejeitos já secos são compactados para o empilhamento. A mesma tecnologia europeia, segundo explicaram os técnicos, é usada no Brasil para o beneficiamento do minério, mas até então não havia sido aplicada no trato com resíduos.

O diretor Rodrigo Nogueira ressaltou que o sistema é mais seguro e de operação mais simples, pois o resíduo seco é de fácil manuseio. Outras vantagens por ele citadas são a ausência de impacto regional, já que qualquer ocorrência, como erosão da pilha, teria efeito restrito à área da mina, e, claro, a economia de água, com o seu reaproveitamento.

Nogueira destacou que a tecnologia permite à empresa recuperar para reuso até 85% da água envolvida no processo, reduzindo, assim, a necessidade de água nova: “Os outros 15% são perdidos por processos naturais de infiltração e evaporação”.

Apesar dessas vantagens, o diretor explicou que foram determinantes para escolha da tecnologia de tratamento dos resíduos características como topografia e dimensões da área da mina de Ouro Preto, inadequadas à implantação de barragem de contenção. No mercado há 50 anos, a empresa opera outras minas em que foram implantadas barragens de rejeitos, encaixadas em vales.

VIABILIDADE

Quanto ao uso do empilhamento de rejeitos a seco por outras mineradoras, os representantes da Ferro + ponderaram que cada empreendimento deve estudar a viabilidade econômica do processo conforme arranjo específico, incluindo fatores como o tipo do minério a ser explorado.

Projeto de lei para regulamentar o uso de barragens de rejeitos no Estado aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Acompanhados também pelos representantes da empresa Leandro L. Rossi e Flávio da Anunciação, participaram ainda da visita à mineradora os deputados Agostinho Patrus (PV), Paulo Lamac (Rede) e Alencar da Silveira Jr. (PDT).

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